Vitória: Análise Crítica da Dificuldade em Vencer com Vantagem Numérica

A recente eliminação do Vitória na Copa Sul-Americana, marcada por um gol contra insólito na derrota de 1 a 0 para o Universidad de Quito, trouxe à tona uma questão que tem assombrado o Rubro-Negro em 2025: a incapacidade de transformar a superioridade numérica em campo em resultados positivos. A frustração, neste caso, foi amplificada pelo fato de a equipe ter atuado com um jogador a mais desde os 15 minutos da etapa inicial.

Este cenário, contudo, não é um evento isolado, mas sim um padrão preocupante que se repete ao longo da temporada. Em todas as quatro ocasiões em que o adversário teve um atleta expulso, o clube baiano não conseguiu assegurar uma vitória, acumulando um histórico de dois empates e duas derrotas nestes confrontos.

O Paradoxo da Superioridade Desperdiçada

Desde o início do ano, o Vitória se deparou com a expulsão de um jogador adversário em quatro partidas cruciais: duas vezes contra o rival Bahia e duas vezes contra o Universidad de Quito. Apesar de ter a vantagem de um homem a mais em campo, o time rubro-negro não conseguiu impor sua condição para alcançar o triunfo, evidenciando uma falha tática e de execução que merece uma análise minuciosa.

A taxa de aproveitamento do Vitória em situações de superioridade numérica é de meros 16,7%. Durante esses períodos, a equipe marcou apenas dois gols e sofreu três, um dado que sublinha a ineficiência ofensiva e a vulnerabilidade defensiva mesmo em condições favoráveis. Além disso, em três das quatro partidas, o Vitória saiu em desvantagem no placar, somando-se à estatística de apenas duas viradas em 17 oportunidades em que esteve atrás em 2025.

Foto: (Divulgação/Conmebol)

Detalhes Cruciais dos Confrontos

A seguir, apresentamos um resumo dos jogos em que o Vitória teve vantagem numérica em 2025, ilustrando a dificuldade em converter essa condição em vitórias:

Embora o jogo da final do Campeonato Baiano apresente uma particularidade, com a primeira expulsão ocorrendo já nos acréscimos da etapa final, o prolongamento do segundo tempo para 67 minutos, em meio a interrupções e desentendimentos, ainda configura um período de vantagem não explorado.

A Amargura da Eliminação na Sul-Americana

O confronto decisivo pela Sul-Americana contra o Universidad de Quito serve como um espelho para essa problemática. Apesar de ter finalizado 15 vezes e forçado o goleiro adversário a cinco intervenções cruciais, além de uma defesa heroica do zagueiro Cangá, o Vitória não conseguiu balançar as redes. Nomes como Matheuzinho, Janderson e Erick tiveram chances claras, mas falharam na concretização.

O técnico Thiago Carpini, em sua análise pós-jogo, foi direto ao ponto, evidenciando a falha de seus comandados:

"No segundo tempo tivemos pelo menos duas chances claras. Precisamos ser mais eficientes. E essa falta de eficiência tem custado resultado"

O Clássico Ba-Vi e a Lição Não Aprendida

A situação não foi diferente no clássico Ba-Vi pela Série A. O Rubro-Negro, mesmo com 55% de posse de bola e, segundo o Sofascore, cinco grandes oportunidades de gol, não conseguiu superar a defesa adversária. Marcos Felipe realizou sete defesas, enquanto o Vitória acumulou 23 finalizações e dez escanteios. A superioridade numérica no clássico iniciou-se com a expulsão de Jean Lucas, no começo do primeiro tempo, e estendeu-se até a saída de Pepê, já na etapa final, ambos por condutas antiesportivas.

Após o clássico, Carpini tentou valorizar a atuação de sua equipe na segunda etapa, afirmando que a vantagem havia sido bem explorada:

"No segundo tempo fomos bem diferentes, tivemos imposição, aproveitamos a superioridade numérica. Tivemos diversas chances, bola na trave. Era questão de tempo a virada, no segundo tempo só o Vitória jogou, o Bahia ficou acuado. A gente pagou pela nossa incompetência."

Apesar da percepção do treinador, os resultados, como os números frios demonstram, não corroboram a efetividade esperada. Em todos esses episódios, o denominador comum é o desperdício de oportunidades, um fator que tem impedido o Vitória de capitalizar momentos de evidente vantagem em campo.

Seja em igualdade numérica ou com um jogador a mais, a equipe do Vitória tem um desafio imediato para reverter a sequência de três derrotas consecutivas. A próxima oportunidade será contra o Corinthians, na Neo Química Arena, neste domingo, em partida válida pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, com início previsto para as 18h30 (horário de Brasília).