Vitória x Juventude: Carpini Retorna ao Barradão em Duelo Crucial

O Estádio Barradão será palco de um reencontro emblemático neste sábado, às 18h30 (horário de Brasília), pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Esporte Clube Vitória enfrentará o Juventude, comandado por Thiago Carpini, o mesmo treinador que, há um ano, conduziu o Rubro-Negro a uma inédita classificação para a Copa Sul-Americana. A partida não é apenas um duelo tático, mas um capítulo singular na história recente do clube baiano, que agora se depara com seu antigo comandante em uma posição de adversário.

A figura de Thiago Carpini, um paulista de Valinhos com 41 anos, evoca memórias de uma gestão que alternou momentos de brilho e de frustração. Embora não tenha conquistado títulos pelo Leão, sua passagem foi marcada por um feito notável: resgatar a equipe de uma iminente zona de rebaixamento para um patamar de competição internacional em 2024. Contudo, a persistência de um longo período de invencibilidade este ano não foi suficiente para mascarar os resultados negativos em quatro torneios distintos, o que culminou em sua saída. O cenário atual nos convida a revisitar a jornada deste técnico à frente da equipe rubro-negra.

A Metamorfose Rubro-Negra Sob Seu Comando

A chegada de Carpini ao comando técnico do Vitória , em maio de 2024, ocorreu em um momento delicado. O time, então afundado na zona de rebaixamento do Brasileirão e amargando um jejum de sete jogos sem vitória, buscava um novo rumo após a demissão de Léo Condé. O início, contudo, não foi dos mais promissores, com uma eliminação precoce na Copa do Brasil diante do Botafogo. A primeira vitória na Série A só viria na nona rodada, em confronto com o Internacional, sinalizando que a recuperação seria um processo gradual.

Apesar da lentidão na colheita dos resultados em campo, as transformações promovidas por Carpini nos bastidores eram perceptíveis. Com um perfil reconhecidamente rigoroso, o técnico implementou significativas alterações no plantel, culminando em decisões difíceis como as saídas dos volantes Rodrigo Andrade e Dudu. A situação do clube era, de fato, desafiadora, e a pontuação de 15 pontos ao final do primeiro turno da Série A ilustrava a complexidade do cenário.

No entanto, a resiliência do Vitória sob seu comando se manifestou de forma impressionante no returno. A equipe protagonizou uma campanha de recuperação que ecoou feitos históricos, repetindo o sucesso de Fluminense e Atlético-MG ao escapar do rebaixamento em circunstâncias semelhantes. Com uma série de contratações estratégicas e um desempenho que o colocou como o sétimo melhor time do segundo turno, o Leão acumulou 32 pontos nos 19 jogos finais, encerrando o Campeonato Brasileiro na 11ª posição, com 47 pontos.

Foto: (Divulgação)

O Declínio e a Inevitável Despedida de Um Ciclo

Entre os momentos mais marcantes da gestão de Carpini, destaca-se a sequência vitoriosa contra adversários diretos, com triunfos sobre Cuiabá, Juventude, Atlético-GO, Athletico-PR, Bragantino, Fluminense e Criciúma, todos conquistados no segundo turno. Esse desfecho positivo não apenas garantiu a classificação para a Copa Sul-Americana após oito temporadas de ausência, mas também selou a renovação de contrato de Carpini com o clube baiano, em dezembro do ano passado.

O ano de 2025 iniciou com Carpini participando ativamente da montagem do elenco, e a equipe alcançou uma marca histórica nos primeiros meses: a segunda maior sequência invicta do clube, com 22 jogos sem perder entre novembro de 2024 e março de 2025. Contudo, o fim dessa invencibilidade marcou o início de um período turbulento. A primeira derrota resultou na eliminação da Copa do Brasil, para o Náutico. Em seguida, o Rubro-Negro perdeu o título estadual para o Bahia, e a única nota positiva daquele período foi a classificação para as quartas de final da Copa do Nordeste.

A queda no aproveitamento da equipe tornou-se acentuada. A precoce eliminação na fase de grupos da Sul-Americana, sem vitórias em seus domínios, e um início claudicante no Brasileirão, impuseram mudanças drásticas. A diretoria de futebol passou por uma reestruturação com a contratação de Gustavo Vieira, e o elenco foi submetido a uma nova reformulação, a quarta consecutiva, durante a pausa para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Embora o treinador tivesse perdido prestígio, foi-lhe concedido um mês para preparar o time visando o segundo semestre. No entanto, o retorno aos gramados foi desastroso: uma derrota para o Confiança, em pleno Barradão, que culminou na eliminação da Copa do Nordeste e, consequentemente, em sua dispensa.

Thiago Carpini encerrou sua trajetória no Vitória após um ano e dois meses de trabalho. Seus números finais registram 48% de aproveitamento, fruto de 29 vitórias, 22 empates e 24 derrotas em 75 jogos. Esta foi a maior quantidade de partidas que o técnico comandou por um único clube em sua ainda breve carreira.

O Novo Capítulo e o Histórico de Confrontos

Após sua saída do Vitória , Carpini rapidamente reencontrou seu caminho no Juventude, clube onde já havia deixado uma marca significativa em 2023. Naquela ocasião, ele comandou a equipe de Caxias do Sul em 32 partidas, com um impressionante aproveitamento de 70%, somando 17 vitórias, 11 empates e apenas quatro derrotas, desempenho que garantiu o acesso à Série A. Em seu retorno, o treinador já começou com o pé direito, conquistando uma vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, na última segunda-feira, no Alfredo Jaconi, um resultado crucial para a retomada da confiança no Campeonato Brasileiro.

Neste sábado, o Vitória terá a oportunidade de, pela primeira vez em sua história, superar uma equipe sob o comando de Thiago Carpini. Até o momento, os três confrontos anteriores entre o Leão e times dirigidos pelo técnico, todos válidos pela Série B, registraram um empate e duas vitórias para as equipes de Carpini. Confira o histórico: