Vitória: Vieira Detalha Efetivação de Chagas e Janela de Contratações

A semana no Barradão foi marcada por esclarecimentos cruciais. Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, o diretor de futebol do Vitória, Gustavo Vieira, apresentou um panorama detalhado sobre a recente janela de transferências e as movimentações estratégicas do clube. Com a chegada de sete novos nomes e o retorno de dois velhos conhecidos, o Leão buscou reconfigurar seu elenco para os desafios futuros.

Apesar do volume de contratações, a avaliação do dirigente sobre o período foi ponderada. "Seguramente foi satisfatório, gostaríamos de mais, digo que poderia ser melhor", afirmou Vieira, sublinhando que o planejamento inicial para o primeiro semestre não se concretizou, o que impulsionou o grande número de saídas e chegadas. Essa dinâmica, segundo ele, foi uma resposta às necessidades de ajuste do time.

A Escolha da Continuidade: Rodrigo Chagas no Comando

Uma das decisões mais sensíveis e de maior impacto, a escolha do novo comandante técnico, foi central na explanação de Vieira. Após a saída de Fábio Carille, o clube optou por efetivar Rodrigo Chagas, que vinha desempenhando o papel de técnico da equipe sub-20. A aposta na prata da casa e no vínculo emocional com o clube foi um fator determinante.

Vieira detalhou a lógica por trás da decisão: "A decisão sobre treinador de fato é mais delicada em relação a impacto no trabalho. O Rodrigo sempre esteve considerado como uma das opções mais fortes pela história que tem, vínculo com o Vitória , conexão com a nação rubro-negra. Impossível não considerar um candidato forte, tanto é que está aí." Ele reconheceu que a troca de treinador representa um "trauma interno" e um estresse natural, mas defendeu que as mudanças foram adequadas e que o clube busca as soluções mais apropriadas.

Óbvio que trocar treinador não é ideal, é um trauma interno. Tem que reorganizar as coisas, apostar em algum resultado de curto prazo que não é garantido. É um estresse, mas é inevitável. Trocas foram adequadas, e nós estamos encontrando as soluções adequadas ao nosso ver.

Foto: ( Victor Ferreira / EC Vitória)

Reforços Estratégicos e a Janela de Transferências

A incursão do Vitória no mercado de transferências revelou uma busca por diversidade e novas opções. O clube investiu em jogadores estrangeiros, trazendo os meio-campistas portugueses Rúben Rodrigues e Rúben Ismael, o centroavante uruguaio Renzo López, e o meia-atacante espanhol Aitor Cantalapiedra. A lista de aquisições foi complementada por nomes brasileiros como Thiago Couto (goleiro), Romarinho (atacante) e Ramon (defensor). Além disso, Dudu e Camutanga, que estavam emprestados, retornaram ao clube para reforçar o elenco .

A temporada já soma 28 contratações, um número expressivo, sendo que seis desses atletas já deixaram o clube. Na segunda janela, nove jogadores foram integrados, incluindo os retornos de Camutanga e Dudu . A diretoria ainda monitora o mercado em busca de atletas sem contrato, uma vez que a janela de transferências oficial está encerrada.

Novos Nomes no Elenco Rubro-Negro na Segunda Janela

O Poder de Atração do Vitória e os Desafios Financeiros

Gustavo Vieira destacou o fascínio que o Vitória exerce sobre atletas, tanto nacionais quanto internacionais, inclusive europeus. Essa atratividade, segundo ele, é uma prova da dimensão, das conquistas e da história do clube. "A atratividade do Vitória se confirma dado à dimensão do clube, conquistas, história, o que representa", pontuou, acrescentando que "Nenhum momento precisei explicar o que era o Vitória ." A busca por soluções criativas e ousadas no mercado europeu foi uma das estratégias adotadas.

Contudo, o diretor foi realista quanto às limitações financeiras. O Vitória , embora em curva de crescimento, precisa "respeitar esta curva" e ser "coerente com o que você trabalha", evitando contratações que excedam a capacidade orçamentária. Em um cenário onde o futebol brasileiro vê o surgimento de SAFs com grande poder de investimento, o Leão busca "encontrar as alternativas" e reconhecer que não compete com a mesma capacidade financeira.

Adaptação e Profundidade do Elenco

A integração de nove novos atletas é um processo natural de reformulação, que demanda tempo para ambientação e inserção no elenco . Vieira mencionou casos de lesões, como as de Renzo López, Rúben Ismael e Romarinho, que atrasam a plena avaliação do desempenho individual. "É um pouco precoce avaliar se é titular ou reserva com esses jogadores", observou, enfatizando a importância de ter jogadores dedicados e competindo por posição.

Apesar dos desafios de adaptação e das lesões, o diretor assegurou que o elenco está preenchido e que o estímulo interno já é perceptível. A atual preocupação da comissão técnica, curiosamente, é selecionar quem não viajará para as partidas, dada a quantidade de jogadores retornando do departamento médico e jovens da base integrados ao time principal. "Hoje a comissão técnica dificilmente vai reclamar de ausências", frisou.

O Retorno de Dudu e Camutanga: Mais que Reforços

A volta de Dudu e Camutanga , ambos conhecidos e queridos pela torcida, foi uma decisão estratégica que já estava no radar do clube. Vieira ressaltou o significado desses atletas para a "nação rubro-negra" e suas características específicas que são difíceis de encontrar no mercado. Dudu , por sua força e por ser um volante canhoto, e Camutanga , um zagueiro com bom desempenho e capacidade na bola aérea, foram considerados essenciais. A goleada sofrida para o Flamengo, embora não tenha sido o único fator, "acelerou" a decisão de incorporá-los ao elenco .

Sobre a gestão de contratações, Vieira garantiu que, em seu período, todos os atletas contratados passaram pela avaliação da comissão técnica, buscando conciliar os interesses e garantir que todos os envolvidos estivessem "embarcados" no projeto. O próximo desafio do Vitória será contra o Fortaleza, neste sábado, às 16h, no Castelão.

Janela Desequilibrada e a Confiança no Projeto

O alto volume de contratações nos últimos anos é, em parte, reflexo dos sucessivos acessos do Vitória , que exigem uma adequação constante do elenco às novas divisões. Vieira também abordou a questão das lesões musculares recentes, atribuindo-as a uma "intertemporada" atípica e à quebra do trato físico, um desafio comum a muitos clubes. Ele refutou a ideia de que faltaram pontas, listando seis jogadores que desempenham a função de extremo no elenco atual.

Questionado sobre a ausência de pronunciamento após a goleada por 8 a 0 no Maracanã, Vieira justificou que aquele era "momento de mercado", e que uma "boa condução da janela é silenciosa", evitando especulações improdutivas. Por fim, o diretor enfatizou a necessidade de confiar no Vitória como um todo ? no trabalho da presidência, da equipe, dos atletas e, principalmente, no torcedor, que é "uma potência". "Tudo isso faz o Vitória ser o que é. Os argumentos que nos dão segurança para lutar", concluiu, reforçando a crença no projeto rubro-negro.