Vitória na Data FIFA: Oportunidade de Ouro para Jair Ventura e o Ba-Vi

A derrota para o Vasco, no último fim de semana, abriu um cenário de reflexão para o Esporte Clube Vitória. Contudo, o calendário oferece agora um alívio providencial: a pausa da Data FIFA. Esta será a primeira janela de tempo substancial que o técnico Jair Ventura terá à frente do Rubro-Negro, um período de ouro para aprimorar a equipe antes do aguardado clássico Ba-Vi, agendado para 16 de outubro.

Desde sua chegada ao comando técnico do Vitória , em 24 de setembro, Jair Ventura operou sob a pressão do tempo. Teve apenas três dias para preparar o time para a estreia contra o Grêmio, e o intervalo foi igualmente apertado entre as partidas contra Ceará e Vasco. Agora, a realidade é outra: dez dias completos de trabalho antes do confronto decisivo contra o Bahia, no Barradão. Um período fundamental para que suas ideias sejam solidificadas e os problemas identificados recebam soluções adequadas.

Oportunidade Estratégica: A Pausa da Data FIFA para o Vitória

O foco inicial de Ventura, em seus primeiros três jogos, foi manter uma certa estabilidade nas escalações, introduzindo um sistema com três zagueiros, uma novidade desde sua chegada. Essa aposta tática, implementada sem o benefício de treinos extensivos, exigiu que os ajustes fossem feitos de forma não convencional. O próprio treinador reconheceu a dificuldade do processo inicial:

"Eu praticamente não tive treinos, foi muito vídeo, muita conversa sobre ideia e modelo de jogo. Vamos ter a parada da Data Fifa com mais tempo para implementar nossas ideias".

A declaração de Ventura sublinha a importância deste hiato. É o momento de traduzir a teoria em prática no campo, consolidando o modelo de jogo e, simultaneamente, resolvendo um dilema premente: a definição do terceiro zagueiro para o Ba-Vi. A expulsão de Lucas Halter contra o Vasco deixa uma vaga em aberto, com Neris e Edu figurando como as principais alternativas para a posição.

Foto: (Victor Ferreira / EC Vitória)

Horizontalidade e Laterais: Os Desafios dos Corredores Defensivos

Um dos pontos mais sensíveis do time rubro-negro reside nas atuações dos laterais. Tanto na esquerda, com Ramon e Maykon Jesus, quanto na direita, com Raúl Cáceres, o desempenho tem sido aquém do esperado. O gol do paraguaio contra o Vasco, por exemplo, não conseguiu apagar uma atuação inconsistente em São Januário, que incluiu um pênalti cometido. Cáceres, que acumula cinco jogos consecutivos como titular, tem sido alvo de críticas por falhas recentes em partidas contra Fortaleza, Fluminense e Grêmio. Claudinho e o jovem Paulo Roberto, recém-promovido da base, representam as opções para a lateral direita.

Na lateral esquerda, a situação não é menos complexa. Maykon Jesus teve uma oportunidade após oito partidas de Ramon, mas não conseguiu capitalizar os minutos em campo. Ambos são os únicos especialistas do elenco para o setor, e a Data FIFA se apresenta como uma chance para Ventura buscar soluções, seja através de aprimoramentos individuais, seja pela adaptação de variações táticas que possam oferecer maior solidez defensiva ou mais poder de fogo pelos flancos. A capacidade de alternar entre o sistema de três zagueiros e outras formações, como a utilizada na derrota para o Grêmio (com um defensor substituído por um atacante), ou a postura mais compacta do 5-4-1 que garantiu a vitória sobre o Ceará, será crucial.

Recuperação de Talentos: O Enigma Matheuzinho

Outro aspecto vital a ser endereçado é a condição de Matheuzinho. O meia, que enfrentou problemas físicos ao longo da temporada, perdeu a condição de titular sob o comando de Jair Ventura, chegando a não ser relacionado para a partida contra o Vasco. Sua importância na Série A do ano anterior contrasta com os números atuais: duas assistências e quatro gols na temporada 2025, sendo dois tentos no Campeonato Brasileiro deste ano.

Jair Ventura, em suas declarações, tem sido enfático quanto à meritocracia e à gestão do elenco :

"Quando eu cheguei Matheuzinho estava vindo de lesão, então a análise vai sempre ser jogo a jogo. Posso precisar de um camisa dez ou de características diferentes. São mais de 40 atletas e vou tratar todos iguais. Ele não vai ser tratado diferente por ser um camisa dez".

O técnico reforça sua filosofia de que nenhum jogador tem vaga garantida:

"Ninguém tem vaga garantida. Nem o camisa dez, nem o sete, nem o nove. Se o cara entrar e mudar o jogo, vai ser titular. A avaliação vai sempre ser jogo a jogo, com estratégia".

A pausa oferece a oportunidade de recuperar o condicionamento físico e a confiança de Matheuzinho , um jogador que, em sua melhor forma, pode ser um diferencial técnico para o Vitória . Com mais um dia de folga nesta terça-feira, o elenco rubro-negro inicia a preparação intensiva para o Ba-Vi a partir desta quarta, com a esperança de que os dias de trabalho permitam a Jair Ventura lapidar a equipe para os desafios que se avizinham.