Vitória Cede Empate Inacreditável ao Juventude no Barradão | Análise Pós-Jogo

Diante de 27.356 apaixonados torcedores que desafiaram a chuva incessante no Barradão, o Esporte Clube Vitória protagonizou mais um capítulo de frustração ao empatar em 2 a 2 com o Juventude, em partida válida pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A. O resultado, que teve um sabor particularmente amargo para o time baiano, escancara a dificuldade em consolidar vantagens, mesmo quando todas as circunstâncias parecem favoráveis.

O roteiro, que se desenhava para uma vitória tranquila, transformou-se em um pesadelo nos acréscimos, com o experiente Nenê emergindo como o grande arquiteto da recuperação gaúcha. Sua atuação decisiva, com participação direta nos dois gols, culminando com o tento de empate, selou um ponto vital para o Juventude e deixou o torcedor rubro-negro com a sensação de uma oportunidade imperdoavelmente perdida.

A partida marcou a estreia do goleiro Jandrei, recém-chegado por empréstimo do São Paulo, na meta do Juventude, adicionando um elemento de novidade ao confronto.

Vantagem Inicial e o Brilho de Kayzer: Um Cenário Promissor

O início do confronto, sob forte chuva, parecia desenhar um panorama ideal para o Vitória . Enfrentando um adversário que não havia conquistado um único ponto como visitante até então, o Leão impôs sua intensidade desde os primeiros minutos. Aos 10 minutos, a situação ficou ainda mais propícia quando Cipriano, do Juventude, cometeu uma falta para impedir Cantalapiedra de sair livre na cara do gol. Por ser o último homem, o zagueiro foi prontamente expulso, deixando a equipe gaúcha com um jogador a menos e o caminho aparentemente livre para o time da casa.

Com a superioridade numérica, o Vitória manteve a pressão e não demorou a converter a vantagem em gols. Aos 31 minutos da etapa inicial, após um levantamento preciso na área, Cantalapiedra ajeitou de cabeça para Renato Kayzer, que, com um peixinho certeiro, inaugurou o placar. Um gol que refletia a intensidade e a determinação rubro-negra.

O segundo tempo mal havia começado e o otimismo da torcida se ampliou rapidamente. Em uma jogada fortuita, o zagueiro Abner, do Juventude, tentou cortar um passe, mas inadvertidamente serviu Renato Kayzer com um toque açucarado. O atacante, aproveitando a gentileza, finalizou com firmeza e balançou as redes pela segunda vez, estabelecendo um confortável 2 a 0 para o Vitória , que parecia ter a vitória assegurada.

A Virada de Roteiro: Expulsão de Neris e a Reação Visitante

Com a vantagem de dois gols e um homem a mais em campo, o Vitória inexplicavelmente optou por uma postura mais recuada, cedendo a iniciativa ao Juventude. Mesmo em desvantagem numérica, a equipe visitante começou a ocupar mais o campo ofensivo, buscando espaços e tentando reagir. Chegou a marcar com Araújo, mas o lance foi anulado pela arbitragem por impedimento, um alívio momentâneo para o Leão.

Aos 22 minutos da segunda etapa, o equilíbrio de forças em campo foi restabelecido de forma dramática. O zagueiro Neris, do Vitória , foi expulso após uma disputa de bola em que atingiu a cabeça de Gabriel, do Juventude, que ficou desacordado e precisou ser substituído. Após revisão do VAR, o árbitro Raphael Claus confirmou o cartão vermelho direto, deixando ambas as equipes com dez jogadores e injetando uma dose extra de emoção e imprevisibilidade na partida.

O Protagonismo de Nenê: A Virada Inesperada no Barradão

Com a igualdade numérica, o Juventude ganhou novo fôlego e intensificou sua busca pelo resultado. Aos 36 minutos, a reação se materializou: Nenê cruzou com precisão cirúrgica na cabeça de Igor Formiga, que testou no contrapé de Lucas Arcanjo, sem chances para o goleiro. O placar era agora 2 a 1, e a esperança jaconera se acendia no Barradão.

O Juventude manteve a pressão, impulsionado pela liderança de Nenê. O veterano quase empatou em uma linda bicicleta, exigindo uma defesa espetacular de Lucas Arcanjo , que voou no canto e salvou o Vitória de um gol que seria icônico pela plasticidade e pelo momento da partida.

No entanto, a redenção do Juventude estava reservada para os acréscimos. Aos 54 minutos, um chute na área bateu no braço de Fabri, do Vitória . Inicialmente, Claus não marcou nada, mas o VAR interveio, chamando o árbitro para revisão. Após a análise, o pênalti foi assinalado. Nenê, com sua habitual categoria e frieza, cobrou com precisão e empatou a partida: 2 a 2, para incredulidade da torcida rubro-negra.

Na jogada seguinte, Fabri, que havia cometido o pênalti, quase se redimiu e marcou o gol da vitória, mas seu chute foi para fora. O apito final de Raphael Claus selou um desfecho de amargura para o Vitória e de intensa comemoração para o Juventude, que arrancou um ponto heroico fora de casa.

O Preço do Descuido: A Posição do Vitória e a Urgência de Reação

O empate no Barradão estende a sequência sem vitórias do Vitória para cinco jogos, sendo quatro deles empates. Com 19 pontos, a equipe rubro-negra permanece na 16ª posição, a primeira fora da zona de rebaixamento, mas a proximidade com o Z-4 é alarmante. A incapacidade de segurar uma vantagem tão expressiva contra um adversário direto na luta contra o descenso é um sinal preocupante e exige uma profunda reflexão por parte da comissão técnica e dos jogadores.

Por outro lado, o Juventude celebra seu primeiro ponto conquistado como visitante neste Brasileirão, somando agora 15 pontos e subindo uma posição na tabela, para o 18º lugar. A resiliência demonstrada pela equipe de Caxias do Sul, especialmente com um jogador a menos por boa parte do jogo, contrasta fortemente com a falta de gestão de resultado do Vitória .

Este resultado não é apenas um ponto perdido; é um alerta veemente sobre a necessidade de maior consistência e maturidade tática. O Vitória precisa urgentemente transformar o apoio massivo de sua torcida em resultados concretos, sob pena de ver a zona de rebaixamento se tornar uma realidade cada vez mais próxima.