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Rodrigo Chagas e Vitória: A Reconstrução Mental que Virou Jogo na Série A
Por Redação FutVitória em 31/08/2025 22:55
O Esporte Clube Vitória, sob a batuta interina de Rodrigo Chagas, finalmente rompeu uma sequência de seis jogos sem triunfos na elite do futebol nacional. A vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, obtida no Barradão pela 22ª rodada do Brasileirão 2025, não foi apenas um resultado pontual; representou um respiro profundo e uma demonstração de caráter. O gol decisivo, um golaço de Erick, selou um triunfo que transcende os três pontos.
A partida, que marcou a estreia de Chagas como treinador na Série A, carregou um peso emocional significativo, conforme o próprio técnico revelou em sua coletiva pós-jogo. A oportunidade de liderar a equipe principal do Leão surgiu em um período de profunda dor pessoal, com perdas recentes que o fizeram, inclusive, cogitar o afastamento do futebol.
A Liderança que Brota da Adversidade Pessoal
Rodrigo Chagas compartilhou abertamente os desafios que enfrentou em sua vida particular, mencionando o falecimento de seus pais e de um amigo próximo, Nilmar, no Porto Vitória . Tais eventos o levaram a um ponto de reflexão sobre sua carreira.
"Está sendo um ano difícil para mim. Nesse ano perdi meu pai, no Porto Vitória perdi Nilmar, um grande amigo, um irmão. Tive vários problemas, quis até parar. Tive o convite do presidente, de Ricardo Amadeu."
Apesar do turbilhão pessoal, Chagas assumiu o comando com gratidão e um propósito claro. A vitória foi dedicada ao presidente Fábio Mota, que celebrava aniversário, e à memória de sua mãe, cujo aniversário também ocorreria na data do jogo, cerca de um ano e meio após seu falecimento. A capacidade de um time, que havia sofrido uma goleada, de atrair quase 30 mil torcedores ao estádio no jogo seguinte foi descrita por ele como "surreal", evidenciando a paixão e a expectativa da torcida rubro-negra.
A Virada Psicológica: O Segredo Contra o Atlético-MG
A superação mental do elenco foi um ponto crucial, reiterado por Chagas desde sua apresentação e novamente após o embate contra o Galo. O treinador destacou a fibra moral dos jogadores como o alicerce para o resultado positivo.
"Temos um grupo de homens antes de mais nada. Profissionais que se respeitam. O atleta que tem brio entra da forma que entraram hoje. Todo o merecimento dos atletas de terem saído desse momento psicológico tão ruim."
A intervenção da equipe de psicologia do clube foi fundamental para reverter o quadro anímico dos atletas. Chagas enfatizou que o entendimento da importância de um resultado positivo foi assimilado pelo grupo, que enfrentou uma equipe de "qualidade, vertical, sempre buscando o gol". Embora lamentasse a falta de "acabamento da jogada" para ampliar o placar, o técnico celebrou que "1 a 0 é goleada", parabenizando os jogadores pela resiliência demonstrada. Ele ainda projetou a necessidade de aprimorar o aspecto psicológico para que o elenco alcance um desempenho ainda superior.
Ajustes Táticos e Talentos Revelados
Chagas foi questionado sobre as novidades na escalação, que incluíram a estreia de Paulo Roberto na lateral-direita e o retorno de Camutanga à zaga. O jovem Paulo Roberto , conhecido pelo treinador há cerca de um mês e meio, teve uma atuação promissora, exibindo "muita força, personalidade, não tem medo de jogar". Apesar de ter sentido o tornozelo durante o jogo, sua permanência em campo, mesmo com o incômodo, e sua performance foram elogiadas, sendo considerado um lateral do perfil que o Vitória busca. Camutanga , por sua vez, foi descrito como um "xerife, rápido, de um poder defensivo muito grande", formando uma dupla sólida com Halter.
Esta é a segunda vez que Rodrigo Chagas comanda a equipe profissional do Vitória , mas a primeira na Série A. Em 2025, ele acumulou experiências no Jacuipense, no Porto Vitória (Série D) e no time sub-20 do próprio Vitória , o que o dotou de um conhecimento aprofundado do clube e de seus talentos.
O Caminho Adiante: Data FIFA e Desafios da Base
Apesar da vitória, o Vitória permanece na 17ª posição, com 22 pontos, ainda na zona de rebaixamento. O próximo compromisso será em 13 de setembro, um sábado, contra o Fortaleza, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena Castelão. O período de Data FIFA, com a pausa nos jogos, é visto por Chagas como uma oportunidade valiosa para aprimorar a equipe.
"Quanto mais tempo para trabalhar, mais tempo para organizar a equipe. Damos a eles as organizações ofensivas e defensivas para que possamos ter um padrão e uma equipe coesa. Tivemos poucos dias para trabalhar, mas os atletas tiveram um entendimento maravilhoso. Acredito que teremos uma equipe muito mais competitiva com o tempo de treinar."
O técnico também demonstrou atenção à base, citando nomes como Alejandro, Faísca, Fabiano, Wendell (16 anos) e Cauan Henrique (sub-17) como promessas. Ele ressaltou a importância de observar e dar oportunidades a esses jovens, sem negligenciar os profissionais já existentes no elenco , buscando identificar as necessidades para promover atletas da base.
Visão Tática e Gestão de Elenco
Chagas detalhou as estratégias táticas adotadas, adaptadas ao adversário. As transições rápidas e o ataque ao espaço, com jogadores como Ramon, Matheuzinho, Osvaldo e Aitor, foram trabalhados para explorar as vulnerabilidades do Atlético-MG. Ele lamentou que o "acabamento no último terço não foi como queríamos", mas a eficácia defensiva prevaleceu.
Em relação à ausência de Ronald, o treinador explicou ser uma "questão tática", optando por Baralhas e Willian para maior sustentação defensiva e profundidade. Ronald , no entanto, foi elogiado por sua multifuncionalidade e personalidade, assim como Matheuzinho , que entrou bem na partida. A mobilidade dos jogadores no ataque, com formações variando entre 4-4-2, 4-5-1, 4-2-1-3, 4-1-2-3 ou 4-2-4, foi um pilar da estratégia para enfrentar um adversário de "muita qualidade técnica, mobilidade". A possibilidade de Matheuzinho e Aitor jogarem juntos é uma formação que agrada a Chagas, com jogadores de lado que flutuam sem posição fixa.
A mudança de comportamento dos atletas foi creditada ao trabalho da psicóloga do clube e às conversas em campo. Chagas, como ex-atleta, compreende a necessidade de personalidade para superar momentos difíceis. Ele cobrou um time "falante", e não "mudo", destacando Halter como um líder profissional que exemplifica essa atitude. A vitória sobre uma equipe tão qualificada não só eleva a autoestima do elenco e da torcida, mas também serve de motivação para alcançar o objetivo primordial: a saída da zona de rebaixamento.
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