Eleições Vitória: Fábio Mota Apresenta Visão Audaciosa para o Futuro do Leão

O Esporte Clube Vitória se aproxima de um momento decisivo em sua trajetória, com as eleições para o Conselho Gestor do triênio 2026/2028. Em meio ao cenário político do clube, desponta a candidatura de Fábio Mota, da chapa Leão Colossal, que busca a reeleição ? um feito não alcançado na Gávea desde a gestão de Alexi Portela, que se encerrou em 2013. Mota, que acumulou experiências como advogado, historiador e pecuarista antes de assumir a presidência interinamente em 2021 e ser eleito para seu primeiro mandato em 2022, concedeu uma entrevista detalhada, expondo suas metas e a visão para o futuro do Rubro-Negro.

A instabilidade política marcou o período entre 2014 e 2021, com uma série de mudanças na liderança do clube. A possível reeleição de Mota representaria um retorno à continuidade, um elemento crucial para o desenvolvimento institucional. Durante a conversa, o candidato abordou temas variados, desde a avaliação de sua gestão até planos para o técnico Jair Ventura, o diretor de futebol Gustavo Vieira, a montagem do elenco, o projeto da Arena Barradão, a estruturação da SAF, o futebol feminino e as metas para as competições de 2026.

O Legado de Uma Gestão de Reconstrução

Ao fazer um balanço de sua administração, Fábio Mota descreveu os últimos quatro anos como um período de intensa dedicação e trabalho árduo, focado na recuperação do Vitória . Ele relembrou o cenário desolador encontrado em 2022:

"Nós encontramos o Vitória em sua pior fase da história do clube. Não só esportivamente, que estava na Série C, mas com relação às dívidas, devendo R$ 600 milhões, seis meses de salários atrasados, patrimônio todo deteriorado, a base acabada, até o título de formador nós perdemos. Não tinha alimentação, não tinha bola para treinar."

A partir desse ponto crítico, o trabalho da equipe, segundo Mota, foi de resgate e reconstrução, resultando em avanços significativos. No campo esportivo, o clube ascendeu da Série C para a Série B, onde conquistou o título, garantindo sua terceira participação consecutiva na Série A ? um feito que o colocaria entre poucos presidentes a atingir tal marca. Além disso, o Vitória retornou à Sul-Americana e conquistou um Campeonato Baiano após seis anos sem chegar à final.

A torcida, que antes contava com apenas 4 mil sócios e uma média de público de 3.500, abraçou o projeto, impulsionando o clube. Mota reconheceu os erros inerentes a um processo de reconstrução acelerado, atribuindo-os principalmente à escassez de recursos, uma vez que o Vitória , além da folha de pagamento atual, ainda arca com um volume considerável de dívidas históricas. No entanto, ele enfatizou que, apesar dos desafios financeiros, o clube hoje se encontra em uma posição infinitamente superior àquela que foi herdada em 2022.

Foto: (Pietro Carpi/EC Vitória)

Investimentos na Base e a Modernização do Barradão

Um dos pilares da gestão de Mota foi o investimento na divisão de base. Ele detalhou que, ao assumir, o clube possuía apenas seis campos sem drenagem e iluminação. Atualmente, o complexo conta com 12 campos revitalizados, incluindo um sintético exclusivo para a base e um prédio de infraestrutura completo. A criação da "Academia do Leão", com bar temático, quadras de beach tênis e futevôlei, um campo oficial de competição e um prédio de vestiário, foi destacada como um marco para gerar novos talentos e arrecadar fundos para o próprio setor. O projeto, que hoje abriga quase 700 jovens atletas, visa aprimorar a captação e o desenvolvimento de futuros jogadores.

Paralelamente, o Estádio Manoel Barradas passou por uma reestruturação abrangente. O gramado, antes "completamente imprestável", foi refeito. A iluminação foi substituída por LED, alambrados foram renovados, um posto médico foi instalado, e houve melhorias na alimentação e nos planos de sócio. A climatização dos camarotes e a construção de 20 novas unidades contribuíram para aproximar a torcida. No prédio central, refeitórios foram construídos para os funcionários, e a sala de imprensa foi reformada. A TV Vitória , que existia apenas no nome, foi implementada para transmitir diversos esportes do clube.

A expansão comercial também foi notável, passando de uma loja com faturamento mensal de R$ 200 mil para oito unidades, com a nona prevista para inauguração em breve. A frota de ônibus foi modernizada, e a concentração dos jogadores, ampliada e reformada, oferece agora quartos individuais. Um projeto inovador é o Centro de Treinamento Feminino, com 60% das obras avançadas, que incluirá fisiologia, fisioterapia, departamento médico, refeitório, alojamento e um miniestádio exclusivo para o futebol feminino, com capacidade para 2 mil pessoas. Mota afirmou que o clube hoje é uma "instituição respeitada no Brasil e no mundo", com quatro anos de salários em dia ou antecipados.

Arena Barradão e a Ambição da Maior SAF do Brasil

Entre os projetos de maior envergadura, a Arena Barradão se destaca como um "projeto pronto". No entanto, sua execução depende da aprovação nos Conselhos Deliberativo e Fiscal. Mota fez um apelo para que os eleitores votem na chapa completa ? Fábio Mota para presidente, Nilton Almeida para o Conselho Deliberativo e Raimundo Viana para o Conselho Fiscal ? a fim de evitar entraves políticos, citando a oposição que "votaram tudo contra, disseram que são contra Arena Barradão e por aí vai". O cronograma prevê o início das obras entre junho e julho, com uma duração estimada de três anos, após a superação de burocracias como alvarás e licenças ambientais. O projeto foi viabilizado após quase quatro anos de esforços, incluindo reuniões em São Paulo e solicitação ao governador para duplicação da via de acesso, além da duplicação do estacionamento.

Outro pilar estratégico é a transformação do clube em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O Vitória contratou o escritório de advocacia André Sica, responsável pelas SAFs de Bahia, Bragantino e Cruzeiro, além de uma consultoria especializada. A estruturação da SAF demandará uma reforma estatutária, reforçando a importância da composição dos Conselhos Deliberativo e Fiscal para garantir 100% de apoio. Mota expressou a ambição de criar a "maior SAF do país em termos de patrimônio e estrutura", um planejamento que começou desde o primeiro dia de sua gestão, visando organizar as finanças e aumentar o patrimônio antes da transição. Ele reconheceu, contudo, que o mercado atual não apresenta um grande número de investidores procurando novas SAFs, ressaltando a necessidade de buscar um parceiro que realmente corresponda ao "tamanho do Vitória ".

Estratégia Esportiva: Contratações Pontuais e Continuidade

Para a próxima temporada, a estratégia de contratações será mais seletiva. Mota indicou que o foco inicial será na manutenção da base que encerrou o Campeonato Brasileiro, com especial atenção aos jogadores emprestados, como Lucas Halter, Baralhas, Erick, Thiago Couto e Jamerson. A intenção é renovar ou adquirir esses atletas, pois a equipe "terminou o campeonato do segundo turno no G-8, com uma excelente pontuação". Se a base for mantida, o clube buscará "contratações pontuais", com conversas já avançadas e pré-contratos aguardando a conclusão das eleições para serem finalizados. As aquisições seguirão o perfil do clube e do técnico Jair Ventura, cujo contrato já está em negociação avançada para renovação. O diretor de futebol Gustavo Vieira também tem interesse em permanecer, com conversas a serem iniciadas em breve, dado que seu vínculo se estende até 30 de dezembro.

A renovação do contrato de Osvaldo, ídolo do clube, é uma prioridade. Mota afirmou que há "intenção total de renovar com o atleta", destacando que Osvaldo é "mais que um jogador, é mais que um ídolo. Osvaldo é uma grande liderança do Vitória , um cara que dignifica a camisa do clube, que a gente quer muito bem a ele. Com certeza Osvaldo terá o contrato dele renovado".

Na base, os avanços são visíveis, com o retorno de atletas às seleções brasileiras após mais de 20 anos e a participação no Campeonato Brasileiro Sub-20. O clube também conquistou o Baiano Sub-15 e chegou à final do Sub-17. O planejamento é ambicioso: ter pelo menos 30% de atletas da base no elenco principal no primeiro ano, 40% no segundo e 50% no terceiro. Para isso, os investimentos em instalações foram acompanhados pela estruturação de uma rede de captação com oito observadores em todo o Brasil e a criação da "Casa do Atleta", que permite que jovens talentos de outras regiões realizem testes no clube. Mota reconheceu que a base estava "destruída" e que, embora já esteja "bem melhor que no passado", o objetivo é que seja ainda superior em dois anos, sendo crucial para competir com clubes do eixo Rio-São Paulo sem grandes investimentos.

A adesão à Liga Forte União (LFU) foi uma decisão estratégica crucial. Mota explicou que, sem os recursos da LFU, o clube "tinha caído" e não estaria na Série A. O Vitória foi o último clube do Nordeste a aderir e o 31º entre os 40 clubes das Séries A e B. O dinheiro da LFU permitiu manter os salários em dia, aumentar o "bicho" e parcelar o pagamento de dívidas. Mota detalhou a vantagem financeira:

"Para aderir a LFU, você passa a ter uma sociedade de 15% para os donos do investimento, mas você vai ter um acréscimo de 30%. Então, você ainda sai no lucro de 15%, uma conta básica de matemática."

Ele também ressaltou a maior plataforma de comunicação da LFU em comparação com a Libra, que tem apenas a Globo, enquanto a LFU engloba Globo, Record, Cazé TV, YouTube e PrimeVideo. A mudança do Vitória foi seguida por outros clubes, como Atlético-MG, Grêmio e Santos, indicando um movimento em direção a uma Liga única.

Futebol Feminino e os Desafios do Calendário

A reativação do futebol feminino, juntamente com o basquete (bicampeão baiano e do nordeste) e o remo, foi um compromisso da gestão. O time feminino ascendeu da Série C para a Série B do Brasileiro, onde ficou em quarto lugar este ano, e foi vice-campeão baiano. A meta é reforçar a equipe para alcançar a Série A feminina. Com a Copa do Mundo impulsionando a visibilidade do esporte, Mota enfatizou o lema do clube de fortalecer a presença feminina, refletido em melhorias como banheiros climatizados no Barradão e a existência de equipes sub-15, sub-17, sub-20 e profissional. A entrega do Centro de Treinamento Feminino em março de 2024 reafirma o investimento contínuo na modalidade.

Para 2026, as metas para as competições são claras. No Campeonato Baiano, o Vitória não utilizará o elenco principal nem o treinador, priorizando o técnico Rodrigo Chagas com um time mesclado da base e do sub-20. A decisão se justifica pela vaga garantida na quinta fase da Copa do Brasil, devido à permanência na Série A, eliminando a necessidade de priorizar o estadual para classificação. O foco principal será o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, que oferecem maior sustentabilidade financeira. Mota destacou a dificuldade de um clube do Nordeste se manter na Série A, citando que o Vitória é o único da região na elite, enfrentando menores investimentos e a pior logística. Ele ainda fez uma observação sobre a rivalidade local: "Digo que somos os únicos porque meu adversário local já é gringo, já é inglês, não é mais baiano, nem nordestino."

Um Novo Ciclo: Maturidade e Assertividade na Gestão

Questionado sobre as reformulações e "correções de rota" que marcaram as temporadas anteriores, Mota afirmou que, com a consolidação do elenco e a estabilidade alcançada, a tendência é de menos mudanças no futuro. O clube, que saiu da Série C para se firmar na Série A, agora possui jogadores importantes sob contrato, o que permite "contratar menos e ter uma assertividade maior". A experiência adquirida ao longo dos quatro anos de gestão, período em que o clube "só subiu de divisão, nunca caiu", confere maior maturidade às decisões. A expectativa é de um "2026 bem melhor, e com mais precisão nas contratações e decisões".

Em sua mensagem final ao torcedor, Fábio Mota ressaltou a importância da eleição no dia 13 de sábado, no Barradão. Ele conclamou os eleitores a comparecerem para "definir o destino do clube, tirar de uma vez por todas os aventureiros, oportunistas que querem outras coisas, que não é o bem do Vitória ". Mota criticou aqueles que, segundo ele, "passaram quatro anos tentando inviabilizar o Vitória , plantando notícias de penhora do Barradão, plantando notícias de intervenção do Vitória , fazendo politicagem do Vitória ". A recomendação é votar na chapa completa ? "Fábio Mota para presidente 222, votem em Nilton Almeida para o Conselho Deliberativo 222, Raimundo Viana para o Conselho Fiscal 222" ? reforçando a ideia de que "Em time que está ganhando não se mexe", e que o grupo atual tem colhido frutos desde a Série C.

Confira um comparativo da cobertura midiática entre as ligas mencionadas: