Vitória na Zona de Rebaixamento: Análise de Carpini e Momento Crítico no Brasileiro

O Esporte Clube Vitória vivenciou mais um revés em sua jornada no Campeonato Brasileiro, apresentando um desempenho abaixo do esperado. A equipe foi superada por 1 a 0 pelo Ceará, atuando no estádio Presidente Vargas, resultado que a empurrou de volta para a incômoda zona de rebaixamento da competição nacional.

Durante a etapa inicial do confronto, o Rubro-Negro conseguiu manter certo equilíbrio em campo. Contudo, a dinâmica da partida mudou drasticamente no segundo tempo. Após sofrer o gol marcado por Marllon no início da etapa complementar, o time baiano não demonstrou capacidade de reação ou produção ofensiva suficiente para buscar o empate, solidificando mais uma derrota em seu histórico recente.

Análise Tática e Queda de Rendimento

O comandante técnico Thiago Carpini optou por realizar algumas modificações na escalação inicial para este jogo. Entre as novidades, destacaram-se a entrada do zagueiro Neris, substituindo o lesionado Zé Marcos, além das presenças de Ricardo Ryller, Carlinhos e Lucas Braga. O treinador compartilhou sua percepção de que a equipe teve um desempenho equilibrado nos primeiros 45 minutos, mas experimentou uma notável queda de produção ao retornar para o segundo tempo.

Apesar das substituições realizadas ao longo da partida, a postura do time não se alterou significativamente. "Nas mexidas nós continuamos apáticos. Primeiro tempo igual, controlado, poucas chances para os dois lados. Talvez a melhor tenha sido a nossa com Carlinhos. É futebol. Os detalhes têm feito a diferença contra Vitória . Temos que seguir trabalhando, assumir as responsabilidades. Alguns detalhes como esse da bola parada. É recorrente como a gente vem sofrendo gol. Determina resultado da partida. E a bola parada, por mais que você treine, tem aspecto individual na decisão. Quem está no bloqueio não deixar o cara escapar. No jogo passado nos sofremos da mesma maneira.", pontuou Carpini, destacando a bola parada como um fator determinante e recorrente nos resultados negativos.

O técnico fez questão de reforçar a necessidade de responsabilidade compartilhada no momento atual. "Assumimos as responsabilidade começando comigo. Eu escolho, escalo e treino. E dentro de campo eles assumirem também. É virar a página porque muita coisa vai acontecer. Resultado que não estava nos planos. Imaginávamos pontuar aqui", declarou, reconhecendo que o desfecho da partida em Fortaleza não era o esperado pela comissão técnica e jogadores.

Foto: (Divulgação)

O Peso dos Resultados e a Zona de Rebaixamento

Com mais este resultado negativo, o Esporte Clube Vitória permanece estagnado na tabela, somando apenas seis pontos até o momento. O histórico recente na competição é preocupante: o time conquistou apenas uma vitória em sete partidas disputadas, o que explica seu retorno à incômoda posição entre os últimos colocados do Campeonato Brasileiro.

A sensação no ambiente do clube é de profunda decepção. "A frustração é muito grande. É muita pretensão colocar onde o Ceará vai brigar. Entendo que vamos brigar, no primeiro momento, por permanência. Depois vamos brigar por coisas maiores. Foi a nossa caminhada no ano passado. Acredito que o Ceará pode estar nessa maneira. Mas quem sou eu para dizer onde o Ceará vai brigar na competição. Mas tem adversário que a gente não pode perder pontos. Pontos muito importantes no ano passado foram os confrontos diretos que ganhamos quase todos. Esse ano é a segunda vez que não acontece. Resultado que nos frustra.", expressou o treinador, comparando a situação atual com a da temporada anterior e lamentando a perda de pontos cruciais em confrontos diretos.

Navegando em Águas Turbulentas: Confiança e Maturidade

O período vivenciado pelo clube neste momento é descrito pelo técnico como particularmente delicado e conturbado, consequência direta da sequência de resultados adversos. Apesar disso, Carpini mantém a confiança no trabalho desenvolvido, evocando a memória de superações em contextos ainda mais desafiadores na temporada passada.

A mensagem transmitida é clara: há uma necessidade urgente de maior sabedoria e maturidade por parte do coletivo, a fim de não se deixar influenciar excessivamente pelas pressões e críticas externas, consideradas parte natural do cenário do futebol. "É trabalhar para que as vitórias voltem a acontecer. Quando falo do erro não estou expondo o meu grupo que acredito que é forte, qualificado", complementou, defendendo a qualidade do elenco mesmo diante dos erros observados.

Detalhes Táticos e a Busca por Eficiência

Ao aprofundar a análise sobre as escolhas táticas, Carpini explicou a opção por Neris , citando a necessidade de reforçar a defesa aérea diante do perfil do adversário e buscar uma equipe com maior estatura. A ideia era apresentar um time mais "encorpado", principalmente no setor ofensivo do Ceará, o que, segundo ele, funcionou bem na primeira etapa. Contudo, no segundo tempo, a equipe precisou arriscar mais, ficando mais exposta, e as alterações não surtiram o efeito desejado em termos de efetividade.

A falta de efetividade no ataque foi outro ponto abordado. O técnico lembrou que o Vitória teve uma oportunidade clara nos minutos iniciais do jogo e que, caso tivesse convertido, a partida poderia ter tomado um rumo completamente diferente. Para ele, a solução passa por seguir trabalhando, transmitindo segurança aos jogadores. Ele ressaltou que a primeira semana com tempo maior para ajustes não é mágica, e que a oscilação é inerente ao processo de evolução.

Assimilação das Ideias e o Fator Psicológico

A respeito da assimilação das ideias táticas pelo elenco , Carpini fez um contraponto. Ele lembrou que, no período invicto de 23 jogos, a assimilação era evidente. Agora, diante dos resultados ruins, a questão é levantada. O técnico ponderou que a mudança de 70% do elenco de uma temporada para outra impacta, mas afirmou que o padrão de comportamento com e sem a bola está claro e não é o principal influenciador dos resultados atuais. Para ele, há questões no aspecto psicológico, e seu papel é oferecer, além da orientação técnica, tranquilidade aos atletas.

Sobre a substituição de Carlinhos por Janderson, o treinador explicou que o cenário da partida pedia mais transição e profundidade, características que, em sua avaliação, Janderson e Erick (que também possui essas valências) poderiam oferecer em um momento em que a equipe não conseguia construir com força. No entanto, a estratégia não funcionou como planejado naquele jogo específico.

Olhando para o Futuro e Aprendendo com o Passado

Para retomar a eficiência perdida, Carpini reconhece que o Vitória teve poucos momentos de superioridade em relação aos adversários nos últimos jogos, classificando o confronto contra o Ceará como equilibrado. Ele admite que a comparação com a temporada passada é inevitável, mas insiste que o foco deve estar no momento presente, que é inegavelmente delicado.

A resposta necessária é tanto para a torcida quanto para o próprio grupo. A palavra de ordem é tranquilidade. O técnico lembrou que estamos apenas na sétima rodada do campeonato, e que, embora a pontuação atual não seja a desejada, o torneio é longo. A próxima parada da competição será uma oportunidade valiosa para realizar ajustes e correções necessárias. Ele finalizou sua análise reafirmando a confiança no processo e no potencial de recuperação da equipe, buscando inspiração em momentos de superação do passado, como a campanha que garantiu a classificação para a Copa Sul-Americana e superou um início de Série B onde um adversário direto chegou a abrir oito pontos de vantagem.

O próximo compromisso do Vitória sob o comando de Thiago Carpini está marcado para a próxima terça-feira, pela Copa Sul-Americana. A equipe recebe o Defensa y Justicia em seus domínios, o Barradão, em partida válida pela quarta rodada da fase de grupos do torneio continental.

Thiago Carpini durante coletiva de imprensa.