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Vitória e Rodrigo Chagas: O Ciclo das Efetivações Caseiras e o Desafio da Série A
Por Redação FutVitória em 04/09/2025 04:12
O Esporte Clube Vitória, em um movimento que ressoa com sua própria história recente, confirmou Rodrigo Chagas como o novo técnico da equipe principal. A oficialização, anunciada em coletiva de imprensa na última quarta-feira, representa a mais recente esperança do Rubro-Negro para evitar o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Embora seja a primeira efetivação sob a gestão de Fábio Mota, iniciada em 2021, a estratégia de promover treinadores "da casa" não é novidade no Barradão.
Desde 2010, esta é a sétima vez que o clube recorre a um profissional de seus quadros para assumir o comando técnico de forma permanente. O próprio Rodrigo Chagas, agora, vivencia esse processo pela segunda vez em sua trajetória no Vitória , um indicativo da profunda ligação do clube com essa abordagem. Ao longo dos anos, essa tática gerou resultados mistos, com passagens que culminaram em sucesso e outras que agravaram a situação do time.
A Estratégia Recorrente do Vitória: Soluções Caseiras em Foco
A história recente do Vitória é marcada por uma predileção em buscar respostas para seus dilemas técnicos dentro de sua própria estrutura. Essa constatação levanta questionamentos sobre a eficácia de um modelo que, apesar de intrínseco à identidade do clube, nem sempre se traduz em estabilidade ou conquistas duradouras. A tabela a seguir detalha as passagens de treinadores efetivados "da casa" desde 2010, oferecendo um panorama sobre os resultados alcançados:
Treinador | Período | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Aproveitamento (%) | Desfecho |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Ricardo Silva | Jan-Ago 2010 | 63 | 36 | 11 | 16 | 63.0 | Retorno à auxiliar |
Ricardo Silva | Set-Out 2010 | 8 | 2 | 2 | 4 | 33.3 | Demissão, rebaixamento |
Ricardo Silva | Out 2012 | 3 | 1 | 0 | 2 | 33.3 | Demissão |
Carlos Amadeu | 2019 | 9 | 3 | 4 | 2 | 48.1 | Demissão, evitou Z4 |
Bruno Pivetti | 2020 | 19 | 4 | 9 | 6 | 36.8 | Demissão |
Rodrigo Chagas | 2020-2021 | 30 | 11 | 13 | 6 | 51.1 | Demissão, rebaixamento |

Ricardo Silva: O Retrato do "Bombeiro" Rubro-Negro
Ricardo Silva personificou o papel de "bombeiro" no Vitória no início da década passada. Em 2010, após atuar como auxiliar de Vágner Mancini, ele foi efetivado como treinador principal devido a uma reestruturação orçamentária que levou à saída de Mancini. Sob seu comando, o Rubro-Negro viveu uma das temporadas mais memoráveis, conquistando seu segundo tetracampeonato estadual do século e alcançando a final da Copa do Brasil, onde foi superado pelo Santos. Sua performance inicial foi notável, com 63 jogos, 36 vitórias, 11 empates e 16 derrotas, resultando em um aproveitamento de 63%.
Entretanto, a estabilidade foi efêmera. Em agosto do mesmo ano, após uma sequência de quatro jogos sem vitórias no Campeonato Brasileiro (dois empates e duas derrotas), Silva retornou à função de auxiliar, sendo substituído por Toninho Cecílio. A reviravolta, contudo, foi quase imediata. Apenas um mês e quatro dias depois de deixar o comando, Ricardo Silva foi novamente efetivado. A diretoria havia dispensado Cecílio, que somou quatro vitórias, três empates e três derrotas em um mês, mas não resistiu a cinco jogos sem vencer. Com a recusa de Toninho Cerezo por motivos pessoais, o "auxiliar-bombeiro" reassumiu, já tendo atuado como interino.
A segunda passagem de Silva em 2010 durou pouco. Em oito jogos entre setembro e outubro, ele iniciou com dois empates e duas vitórias, mas uma sequência de quatro derrotas consecutivas selou seu destino. O clube, então, contratou Antônio Lopes, mas não conseguiu evitar o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Em 2012, Ricardo Silva, novamente auxiliar fixo, assumiu interinamente após a saída de Toninho Cerezo. Foi efetivado quando Paulo César Carpegiani pediu demissão em outubro, com o presidente Alexi Portela planejando que ele comandasse os últimos sete jogos da Série B. Contudo, após uma vitória na estreia contra o CRB e derrotas para São Caetano e Bragantino, foi demitido. Paulo César Gusmão assumiu as quatro rodadas finais, garantindo o acesso à Série A de 2013.
Outros Nomes da Base: Desafios e Desempenhos no Comando
Carlos Amadeu, outro profissional com forte ligação com o Vitória , foi escolhido para assumir o comando da equipe principal em 2019, durante a Série B. Amadeu, que havia trabalhado na Seleção Brasileira Sub-20 e mantinha contrato com o Rubro-Negro, foi o quarto treinador da equipe naquela temporada, recebendo o time na zona de rebaixamento após a demissão de Osmar Loss. Apesar de ter atingido uma sequência de sete partidas de invencibilidade, Amadeu não resistiu a duas derrotas seguidas em setembro. Em nove jogos, ele obteve três vitórias, quatro empates e duas derrotas, um aproveitamento de 48%. Foi substituído por Geninho, e o Vitória , apesar da turbulência, conseguiu evitar o rebaixamento, terminando a Série B na 12ª posição.
Em 2020, Bruno Pivetti, que havia sido contratado em 2019 como coordenador das categorias de base e auxiliar técnico de Geninho, foi a escolha interna para a Série B após a demissão de seu antecessor. Pivetti comandou a equipe em 19 jogos, registrando quatro vitórias, nove empates e seis derrotas, com um aproveitamento de 36,8%. Ele foi demitido com o time na 11ª posição, abrindo espaço para Eduardo Barroca. No entanto, Pivetti não seria a única aposta caseira do Vitória naquele ano.
Rodrigo Chagas: Da Estabilização em 2020 ao Novo Desafio de 2025
Rodrigo Chagas, então técnico do time sub-20, assumiu o comando profissional de forma interina no final de 2020, após a saída de Eduardo Barroca, que conquistou apenas uma vitória em nove jogos e deixou o time na 16ª posição da Série B. Em quatro partidas como interino, Chagas obteve duas vitórias, um empate e uma derrota. Apesar do bom desempenho, a diretoria optou por substituí-lo por Mazola Júnior.
A pressão sobre Mazola Júnior foi imediata, não só pela delicada situação da equipe, mas também pelo bom trabalho de Chagas. Mazola perdeu três dos quatro jogos à frente do time, levando a diretoria a reconsiderar e efetivar Rodrigo Chagas. Como técnico efetivo, Chagas foi fundamental para evitar o rebaixamento para a Série C e teve seu contrato renovado para a temporada de 2021. No entanto, o segundo ano não correspondeu às expectativas: o time foi eliminado nas semifinais da Copa do Nordeste e na primeira fase do Campeonato Baiano. No total, em sua primeira passagem como efetivo, Chagas comandou 30 jogos, com 11 vitórias, 13 empates e seis derrotas, um aproveitamento de 51,1%.
Rodrigo Chagas não resistiu a uma sequência de cinco jogos sem vencer e deixou o comando do time principal após apenas duas rodadas da Série B de 2021, embora tenha permanecido como funcionário do clube. Ramon Menezes e, posteriormente, Wagner Lopes assumiram a equipe, mas não conseguiram evitar o rebaixamento para a Terceira Divisão. Agora, em 2025, a nova passagem de Rodrigo Chagas no Vitória se desenrola em um cenário de grande turbulência.
O Rubro-Negro coleciona resultados desfavoráveis, incluindo eliminações precoces para o Náutico na Copa do Brasil e para o Confiança na Copa do Nordeste, além de uma saída precoce da Sul-Americana e a segunda pior derrota de sua história, um 8 a 0 contra o Flamengo. Chagas, o terceiro treinador do time no ano, assume após as demissões de Thiago Carpini e Fábio Carille. Ele iniciou com um triunfo por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, mas o desafio é hercúleo: restam 16 rodadas para tentar a permanência na Série A. Atualmente, o Vitória ocupa a 17ª posição, abrindo a zona de rebaixamento com 22 pontos e um jogo a mais que o Santos, o primeiro clube fora do Z-4.
O próximo compromisso do Vitória será contra o Fortaleza, no Castelão, pela 23ª rodada da Série A. A partida está marcada para as 16h (horário de Brasília) do dia 13 de setembro, um sábado. A aposta na solução caseira, mais uma vez, será testada sob a mais intensa pressão do futebol brasileiro.
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