Vitória Busca Artilheiro: A Batalha Pela Camisa 9 e a Pressão por Gols

À medida que o Campeonato Brasileiro se aproxima de seu desfecho, o Esporte Clube Vitória ainda se debate com a ausência de um centroavante capaz de firmar-se como titular incontestável. Renato Kayzer, que por boa parte do torneio foi a principal referência ofensiva, experimentou uma acentuada queda de rendimento, cedendo seu lugar a Renzo López, cuja performance, contudo, também não atingiu o brilho esperado.

A questão da liderança no setor ofensivo veio à tona na coletiva de imprensa do técnico Jair Ventura, após o empate sem gols contra o Botafogo, ocorrido no último domingo. O comandante técnico do Leão reconheceu abertamente a escassez de produção no ataque, enfatizando que a vaga de artilheiro permanece em aberto.

Jair Ventura foi categórico em sua análise:

"Quem entrar e resolver vai segurar a camisa, senão a gente vai rodar. A briga está com eles."

Ele prosseguiu, detalhando a situação:

"O Kayzer foi meu titular desde que cheguei. Também teve a chance do jogo no último jogo, não fez e foi criticado por isso. Quem segurar a camisa 9, vai segurar. Não tem 'eu'. É o melhor para o Vitória. (...) Se um fizesse os gols que o outro não faz, estaríamos com mais gols e a situação estaria definida. Se os dois estiverem fazendo gol, vamos jogar com dois 'noves'. Temos confiança nos dois, têm características diferentes."

A Volatilidade da Camisa 9 no Leão

A trajetória de Renato Kayzer no rubro-negro baiano começou de forma promissora. Sua estreia, na oitava rodada da Série A contra o Vasco, foi memorável, com dois gols decisivos após entrar no segundo tempo. Na sequência, no clássico contra o Bahia, ele novamente encontrou as redes. Mesmo sem a constância nos gols, Kayzer mantinha performances satisfatórias nos jogos subsequentes. Contudo, após converter dois gols contra o Juventude, pela 20ª rodada, o atacante de 29 anos entrou em um período de notável declínio, marcado por uma seca de gols e atuações abaixo do esperado. Nem mesmo o gol de pênalti em outro clássico contra o Bahia, na 28ª rodada, foi suficiente para reverter essa fase de instabilidade.

A perda de titularidade de Kayzer abriu espaço para Renzo López nos dois confrontos mais recentes. No entanto, o atacante uruguaio não conseguiu capitalizar as oportunidades, mantendo-se com apenas um tento anotado pelo clube, registrado contra o Sport, então na última colocação, no final de julho.

Foto: (Victor Ferreira / EC Vitória)

O Desafio da Escassez Ofensiva

A preocupante falta de gols não se restringe apenas aos centroavantes. Analisando os dez tentos assinalados pelo Vitória desde a chegada de Jair Ventura, a contribuição dos atacantes é modesta. Apenas três foram convertidos por jogadores da linha de frente: Aitor Cantalapiedra, com dois, e Kayzer, com um. Os meio-campistas Matheuzinho e Willian Oliveira contribuíram com um gol cada. Curiosamente, a outra metade dos gols veio de defensores, conforme detalhado na tabela a seguir:

Entre as alternativas para a posição de centroavante no plantel, figura Carlinhos, que, no entanto, acumulou apenas 28 minutos em campo no segundo semestre e não conseguiu se firmar sob o comando de nenhum dos técnicos que passaram pelo Vitória .

O Caminho para a Recuperação Ofensiva

A adoção de um esquema tático sem um centroavante fixo não se mostra como uma alternativa para Jair Ventura, que tem mantido a mesma estrutura de jogo desde sua chegada ao clube. Dessa forma, a superação da atual carência de gols dependerá crucialmente da recuperação de forma de Renato Kayzer ou Renzo López. O período da Data Fifa surge como uma janela de oportunidade para ambos reencontrarem seu melhor desempenho. O próximo desafio, marcado para o dia 19 deste mês no Allianz Parque, será contra o líder do Campeonato Brasileiro, um teste definitivo para a eficácia do ataque rubro-negro.