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Fábio Carille no Vitória: Análise dos 5 Erros Cruciais que Levaram à Demissão
Por Redação FutVitória em 27/08/2025 04:16
A delegação do Vitória optou por uma área reservada para evitar manifestações no desembarque, um sintoma do clima tenso que pairava sobre o clube após a breve e conturbada gestão de Fábio Carille. Em meros 48 dias, o trabalho do técnico deixou um legado de pontos negativos, culminando em sua dispensa na madrugada da última terça-feira. A decisão veio após um resultado vexaminoso: a derrota por 8 a 0 para o Flamengo, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro, um marco histórico que selou o destino do treinador. Nosso portal detalha agora os cinco equívocos capitais que marcaram sua curta, porém impactante, passagem pelo comando rubro-negro.
A seguir, o retrospecto dos compromissos do Rubro-Negro sob a batuta de Carille:
Data | Adversário | Resultado | Rodada/Competição |
---|---|---|---|
12 de julho | Internacional | 1 x 0 | 13ª rodada do Brasileiro |
Botafogo | 0 x 0 | 14ª rodada do Brasileiro | |
Bragantino | 1 x 0 | 15ª rodada do Brasileiro | |
Sport | 2 x 2 | 16ª rodada do Brasileiro | |
Mirassol | 1 x 1 | 17ª rodada do Brasileiro | |
Palmeiras | 2 x 2 | 18ª rodada do Brasileiro | |
São Paulo | 2 x 0 | 19ª rodada do Brasileiro | |
Juventude | 2 x 2 | 20ª rodada do Brasileiro | |
25 de agosto | Flamengo | 8 x 0 | 21ª rodada do Brasileiro |
A Fragilidade Defensiva e o Calcanhar de Aquiles Aéreo
Ao assumir o comando em 9 de julho, sucedendo Thiago Carpini, Fábio Carille encontrou o Vitória na 16ª posição, à margem da zona de rebaixamento. Com 11 pontos em 12 partidas (dois triunfos, cinco empates e cinco reveses), o aproveitamento era de 30,5%. O saldo de gols apontava dez marcados e 14 sofridos, o que representava uma média de 0,8 gol a favor e 1,1 contra por confronto.
Sob sua égide, o desempenho do Vitória registrou uma vitória, cinco empates e três derrotas, resultando em um aproveitamento de 29,6% e a consequente entrada na zona de degola. A média ofensiva permaneceu em 0,8 gol por jogo (oito no total), mas a vulnerabilidade defensiva se acentuou drasticamente, com 18 gols sofridos, elevando a média para dois tentos por partida.
A disparidade nas estatísticas defensivas é notável:
Período | Gols Marcados (Média) | Gols Sofridos (Média) |
---|---|---|
Com Thiago Carpini | 10 (0,8) | 14 (1,1) |
Com Fábio Carille | 8 (0,8) | 18 (2,0) |
O ponto mais crítico na defesa rubro-negra manifestou-se precocemente na gestão Carille: a fragilidade nas bolas aéreas. Desde o segundo embate, contra o Botafogo, a equipe já exibia vulnerabilidade nesse quesito, e somente uma atuação soberba do goleiro Lucas Arcanjo garantiu o empate sem gols. A tendência de sofrer gols pelo alto foi confirmada em confrontos subsequentes. No empate com o Juventude, partida que precedeu a humilhação contra o Flamengo, o Leão sofreu um gol originado de cobrança de escanteio, padrão que se repetiu no empate com o Sport. Igualmente, no 2 a 2 contra o Palmeiras, a equipe foi vazada por jogada aérea.

Os Gols no Crepúsculo das Partidas: Um Reflexo de Desgaste
A fragilidade defensiva, por si só preocupante, era ofuscada pela recorrente incapacidade de sustentar resultados nos instantes finais dos embates. O Vitória sucumbiu ao Internacional por 1 a 0 e permitiu que o Sport marcasse dois gols nos minutos derradeiros, resultando no empate por 2 a 2, após os 40 minutos do segundo tempo.
A sina persistiu: o Rubro-Negro baiano concedeu o gol do empate em 2 a 2 contra Palmeiras e Juventude nos momentos decisivos. Adicionalmente, o segundo gol do São Paulo, na derrota por 2 a 0, também ocorreu nos instantes finais. Em suma, dos 18 gols sofridos pelo clube sob a direção de Carille, um terço ? seis gols ? foram marcados após os 40 minutos da etapa complementar. É imperativo, contudo, reconhecer que o treinador enfrentou um considerável número de desfalques e testemunhou o desgaste físico de seus atletas nessas retas finais, embora o componente emocional também tenha desempenhado um papel relevante.
A Inconstância no Santuário: O Mando de Campo Não Foi Vantagem
A combinação de uma defesa inconsistente e o elevado volume de gols sofridos nos últimos minutos impediu que o Vitória estabelecesse uma solidez em seus domínios após a chegada de Fábio Carille. Embora o Rubro-Negro baiano não tenha experimentado derrotas nesse recorte, o desempenho em casa foi marcado por uma única vitória, contra o Bragantino, por 1 a 0, pela 15ª rodada. Os demais confrontos resultaram em empates com Sport, Palmeiras e Juventude. A equipe angariou seis dos 12 pontos possíveis, um aproveitamento de 50%, ligeiramente superior aos 44,4% alcançados na gestão anterior, mas ainda insuficiente para impor domínio.
A Teimosia Tática: O Caso Lucas Braga
O posicionamento e a insistência com Lucas Braga podem ser apontados como um dos equívocos mais evidentes do técnico Fábio Carille no que tange às escalações. O atacante já apresentava um rendimento aquém do esperado na era Carpini, mas foi mantido como peça-chave pelo novo comandante desde o início de sua trajetória. Ao todo, Braga participou de oito dos nove jogos, todos como titular, vivenciando sua mais longa sequência no elenco do Vitória.
"Lucas Braga, como outros jogadores, acredito muito. Um cara que fez mais de 200 jogos pelo Santos vai dar alguma coisa aqui", declarou Carille, após o confronto contra o Mirassol.
Braga atuou como atacante titular em seis partidas consecutivas, ficou de fora apenas do duelo contra o Palmeiras e retornou ao ataque diante do São Paulo. Nos dois últimos compromissos, contra Juventude e Flamengo, o atleta foi deslocado para a lateral direita de forma improvisada, uma decisão que atraiu intensas críticas.
O Desastre Final: A Goleada de 8 a 0 e o Desfecho Inevitável
Com Lucas Braga improvisado na lateral direita, o Vitória protagonizou um dos episódios mais vergonhosos de sua história neste século: a derrota por 8 a 0 para o Flamengo. Esse revés colossal foi a gota d'água que precipitou a demissão de Carille. A persistência do treinador em manter o atacante na lateral justificava-se pela ausência de laterais de ofício, contudo, a alternativa de escalar o zagueiro Edu na função era plenamente viável. Outra escolha questionável foi a escalação do jovem Wendell, de apenas 19 anos, como titular no meio-campo em um embate contra o líder isolado do Campeonato Brasileiro.
O Vitória se tornou uma presa fácil para o Flamengo, sofrendo dois gols em apenas três minutos e mais três em um intervalo de 13 minutos na segunda etapa. O placar de 8 a 0, que poderia ter sido ainda mais elástico, confirmou não apenas a pior derrota do clube no confronto direto, mas também a mais acachapante no Brasileirão.
Sem Carille, e agora em busca de um novo perfil para o comando técnico, o Vitória será conduzido interinamente por Rodrigo Chagas, atual treinador do time sub-20. Chagas terá a incumbência de preparar a equipe para o próximo desafio, neste domingo, contra o Atlético-MG, às 18h30 (horário de Brasília), pela 22ª rodada do certame nacional.
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