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Escândalo no Futebol Gaúcho: Operação "Cartão Vermelho" Expõe Fraude em Jogos
Por Redação FutVitória em 17/11/2025 08:22
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, através da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro de Organizações Criminosas (DRLD-OC), da Draco/Deic, deu início, no domingo (16), à Operação Cartão Vermelho. Esta iniciativa visa desmantelar uma intrincada rede de manipulação de resultados que, conforme as apurações, envolve figuras proeminentes como dirigentes, treinadores e atletas de um clube que compete simultaneamente na Terceirona Gaúcha e na Copa FGF (Ruy Carlos Ostermann). Os delitos sob investigação são de natureza grave, englobando fraude esportiva, falsidade ideológica, falsa identidade e associação criminosa, delineando um cenário preocupante para a integridade do desporto.
A ofensiva policial resultou no cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão. As diligências alcançaram desde os vestiários e outras instalações do Estádio Municipal de São Gabriel até as residências dos indivíduos sob suspeita. Adicionalmente, foram realizadas buscas pessoais e impostas três medidas cautelares distintas da prisão, direcionadas a dirigentes, jogadores e ao preparador de goleiros. Tais ações possuem o propósito explícito de frear a continuidade das irregularidades e salvaguardar a lisura das competições em curso.
A gênese desta investigação, conforme esclarecido pelo delegado Max Otto Ritter, remonta a denúncias recebidas pelos canais de inteligência da própria Polícia Civil, somadas a uma comunicação formal encaminhada pela Federação Gaúcha de Futebol. A Federação, enquanto guardiã da probidade dos campeonatos estaduais, desempenhou um papel crucial ao alertar as autoridades sobre possíveis condutas ilícitas que poderiam macular o esporte.
As Evidências Chocantes da Fraude Esportiva
O cerne das investigações recai sobre um confronto específico, disputado em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, entre o São Gabriel e a equipe sub-20 do Internacional, que culminou em uma vitória expressiva do Colorado por 7 a 0. Informações prévias ao apito inicial já sinalizavam a possibilidade de aproximadamente cinco gols serem marcados no segundo tempo ? uma previsão que se materializou de forma alarmante. Após um primeiro tempo de relativo equilíbrio, encerrado em 1 a 0 para o time da Capital, observou-se uma queda drástica no desempenho da equipe sob escrutínio, levantando sérias suspeitas sobre a ocorrência de manipulação deliberada.
Este não foi o único episódio a despertar a atenção dos investigadores. Indícios de graves irregularidades também emergiram em relação à partida contra o Juventude, em 1º de outubro. Naquela ocasião, o clube teria supostamente escalado três atletas inativos no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), fazendo uso da identidade de jogadores regularmente inscritos. Tal prática configura não apenas fraude esportiva, mas também crimes contra a fé pública, adicionando uma camada de complexidade e gravidade às acusações.
A Polícia Civil não limita suas averiguações a esses dois jogos; outras partidas da Copa FGF e da Terceirona também estão sob análise minuciosa. O alcance da rede de manipulação parece ser ainda mais amplo, com parte dos envolvidos já sendo monitorada por órgãos de integridade esportiva devido a práticas similares em diversas outras unidades federativas, como Sergipe, Paraíba, Acre, Roraima, Rio de Janeiro e Paraná. Este panorama sugere uma atuação organizada e transestadual, indicando que o problema transcende as fronteiras do futebol gaúcho.
O Futebol Como Ferramenta de Organizações Criminosas
Para os investigadores, há elementos robustos que apontam para a utilização do clube como um instrumento para a atuação estruturada de grupos criminosos no ambiente esportivo. O delegado Max Otto Ritter, em suas considerações, enfatiza que as manipulações de resultados não apenas corroem a credibilidade das competições, mas também causam prejuízos incalculáveis a atletas e torcedores, ao mesmo tempo em que abrem portas para atividades ilícitas com reverberações até na economia formal. Ele defende a imperativa necessidade de respostas institucionais firmes e enérgicas para conter a erosão da confiança no esporte.
A operação resultou na coleta de um vasto material probatório, incluindo celulares, computadores e uma gama de documentos considerados cruciais para o avanço da investigação. As próximas etapas contemplam a análise minuciosa de todo esse acervo e a condução dos interrogatórios dos investigados. O objetivo é consolidar a materialidade dos crimes imputados e estabelecer os elementos de autoria relacionados à associação criminosa, buscando trazer à luz a verdade e responsabilizar os envolvidos por suas ações.
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