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Eleições Holandesas: Jetten Vence Extrema Direita, Inicia Batalha por Governo

Por Redação FutVitória em 31/10/2025 11:52

Os Países Baixos testemunharam uma contagem de votos renhida, culminando no anúncio, pela agência noticiosa holandesa ANP, da vitória provisória do líder centrista Rob Jetten. Esta proclamação, feita na última sexta-feira (31), sublinhou a incapacidade da extrema-direita, representada pelo Partido pela Liberdade (PVV), de Geert Wilders, de superar a margem mínima que separava os dois blocos.

Pouco após a divulgação dos resultados preliminares, Jetten não tardou a reivindicar o triunfo. "Estou incrivelmente feliz por termos nos tornado o partido líder nesta eleição. É um resultado histórico para o D66. Ao mesmo tempo, sinto uma grande responsabilidade", declarou o político aos jornalistas. Ele prosseguiu, dirigindo-se à AFP, com uma mensagem de alcance internacional: "Acredito que mostramos ao restante da Europa e do mundo que é possível derrotar movimentos populistas com uma campanha baseada em uma mensagem positiva para o país".

Com a quase totalidade dos 342 distritos eleitorais apurados, restando apenas um e as três ilhas caribenhas holandesas, o partido D66 de Jetten mantinha uma dianteira de 15.155 votos sobre o PVV de Wilders. A pequena cidade de Venray, no sudeste do país, tradicionalmente favorável à extrema-direita, ainda aguarda a divulgação de seus resultados, postergados por um incidente de incêndio na noite da eleição. Adicionalmente, os cerca de 90 mil votos de cidadãos holandeses residentes no exterior, cuja apuração se iniciará apenas na próxima segunda-feira, são vistos como um fator potencialmente decisivo, com a expectativa de que favoreçam a candidatura de Jetten. O veredito oficial da Comissão Eleitoral está agendado para a próxima sexta-feira.

A Dança Complexa da Formação Governamental

Os Países Baixos, um cenário político frequentemente fragmentado, enfrentam uma tarefa hercúlea na formação de um novo gabinete. A dissolução da coalizão governista anterior, em junho de 2025, impulsionada por discordâncias sobre políticas de asilo que levaram à saída do PVV, serve como um lembrete vívido da fragilidade das alianças. A construção de uma coalizão viável e a elaboração de um programa de governo consensual exigirão meses de negociações exaustivas.

Para assegurar a maioria no Parlamento, composto por 150 deputados, uma coligação deve angariar, no mínimo, 76 cadeiras. A partir da divulgação dos resultados finais, iniciar-se-ão os cálculos intrincados para discernir quais combinações partidárias podem atingir esse limiar. As projeções da ANP indicam que tanto o D66 quanto o PVV deverão assegurar 26 cadeiras cada. Como líder do partido mais votado, Jetten assume a prerrogativa de iniciar o processo de formação da coalizão, um percurso notavelmente complexo e demorado.

Projeção de Cadeiras no Parlamento Holandês (Estimativa ANP)
Partido Projeção de Cadeiras
D66 (Centrista) 26
PVV (Extrema Direita) 26
VVD (Liberal) 22
Verde/Trabalhista (Esquerda) 20
CDA (Centro-Direita) 18
JA21 (Extrema Direita) 9

O Roteiro da Aliança: De Olheiros a Formadores

O rito de formação governamental holandês é peculiar e multifacetado. Inicialmente, os partidos designam um "olheiro", cuja função é sondar a disposição das diversas siglas para compor uma aliança. Na sequência, o Parlamento encarrega um "informante" de avaliar os potenciais contornos de um acordo. Curiosamente, até 2012, essa prerrogativa era do monarca. Uma vez que um grupo de partidos manifesta a intenção de colaborar, um "formador" é nomeado ? geralmente o líder da bancada mais numerosa ? para liderar a construção do governo.

Após a formalização do acordo de coligação, o novo governo submete seu plano de ação ao Parlamento, que culmina em um voto de confiança. Neste estágio, cada partido disputa para inserir o máximo de suas propostas programáticas no acordo, antes mesmo de se debruçar sobre a distribuição dos cargos ministeriais.

O último governo, sob a liderança de Dick Schoof, consumiu 223 dias para ser estabelecido, um testemunho da intrincada teia política holandesa. Contudo, todos os atores políticos manifestaram o desejo de agilizar este processo. O panorama pós-eleitoral revela um Parlamento notavelmente fragmentado. Com a quase totalidade dos votos contabilizados, uma possível coalizão majoritária poderia emergir da união de quatro partidos: o D66 (com 26 assentos), o liberal VVD (22), a aliança de esquerda Verde/Trabalhista (20) e o centro-direita CDA (18). Partidos de menor porte, como o de extrema-direita JA21 (com nove assentos), também poderão exercer influência crucial nas negociações. Até a posse oficial do novo executivo, o atual primeiro-ministro Dick Schoof permanecerá encarregado da administração dos assuntos cotidianos.

Consenso em Meio à Divisão: A Tradição Holandesa

Este cenário de transição, apesar de complexo, é uma paisagem familiar para a política holandesa. Historicamente, nenhum partido jamais obteve mais de 50% dos votos, tornando as coalizões uma necessidade intrínseca ao sistema. Assim, o país, acostumado a essa dinâmica, geralmente atravessa esses períodos de incerteza sem maiores sobressaltos, evidenciando uma resiliência política notável na busca por um consenso governamental.

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