Colapso Rubro-Negro: Vitória Larga Vantagem e Preocupa Contra o Palmeiras

O Esporte Clube Vitória demonstrou, no último domingo, contra o Palmeiras, uma inequívoca ascensão em seu poderio ofensivo, culminando em um empate por 2 a 2 pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro. Contudo, essa evolução no ataque foi ofuscada por falhas defensivas recorrentes e uma perigosa opção por recuar excessivamente a linha tática, fatores que se mostraram decisivos para o Rubro-Negro perder mais uma oportunidade de somar três pontos em seu próprio domínio.

A equipe baiana, que chegou a amargar um período de sete partidas sem balançar as redes durante a transição de comando técnico entre Thiago Carpini e Fábio Carille, celebra agora o gol pela quarta partida consecutiva. No entanto, o avanço ofensivo contrasta dramaticamente com uma persistente fragilidade na bola aérea e uma alarmante inconsistência nos minutos finais dos jogos. O clube sofreu novamente um gol após os 40 minutos do segundo tempo, deixando escapar uma vitória que parecia certa, um cenário lamentavelmente repetido após o empate contra o Sport.

Ascensão Ofensiva em Contraste com Vulnerabilidades Crônicas

Para o confronto, o técnico Fábio Carille promoveu o retorno de Erick ao setor ofensivo, após cumprimento de suspensão, e a entrada do volante Pepê na vaga de Willian Oliveira. A escalação inicial do Vitória foi composta por: Lucas Arcanjo; Raúl Cáceres, Lucas Halter, Zé Marcos e Maykon Jesus; Gabriel Baralhas, Pepê e Ronald; Erick, Osvaldo e Renato Kayzer.

O início da partida foi marcado por momentos de sufoco para o Leão. Sem conseguir encontrar fluidez em seu jogo, o time recorreu a lançamentos longos e desperdiçou posses no terço intermediário do campo, enquanto sofria com a imposição aérea do adversário. Lucas Arcanjo , em grande forma, realizou uma defesa crucial após um afastamento mal executado, e Emiliano Martínez, em outra jogada de escanteio, perdeu uma chance clara para a equipe alviverde.

Após um período de instabilidade, o Vitória conseguiu acalmar o ritmo e organizar suas ações, mas a agressividade no ataque demorou a surgir. Apenas a partir dos 20 minutos, em um momento de intenso "troca-troca" de ataques, o Rubro-Negro passou a ser mais incisivo. Osvaldo , em particular, mostrou-se inspirado e veloz, mas a equipe desperdiçou um contra-ataque promissor, no qual detinha superioridade numérica.

O Equilíbrio Tático do Primeiro Tempo e a Abertura do Placar

Felizmente, pouco depois, o time soube capitalizar em uma nova jogada de transição, aproveitando a desorganização defensiva do Palmeiras. Aos 33 minutos, Ronald recuperou a posse no campo defensivo e orquestrou uma excelente jogada antes de acionar Kayzer na área. O gol foi o resultado de uma compactação defensiva exemplar, uma transição ofensiva veloz e decisões acertadas, culminando na precisão da finalização do atacante.

Com confiança e consistência em seu desempenho, o Vitória encerrou a primeira etapa pressionando no campo de ataque, próximo de ampliar o placar. O lance de maior perigo foi uma finalização de Gabriel Baralhas de fora da área, após rebote de escanteio, defendida por Marcelo Lomba antes de atingir o travessão.

No segundo tempo, o Rubro-Negro retornou sem alterações na formação e manteve o bom nível de atuação, com chegadas rápidas pelos flancos e solidez defensiva nos momentos de pressão adversária.

A Fragilidade da Vantagem: Quando o Palmeiras Acordou

Mesmo com a entrada dos titulares palmeirenses (Piquerez, Sosa, Vitor Roque e Facundo Torres), uma transição rápida do Vitória funcionou novamente para ampliar a vantagem. Aos 19 minutos, uma roubada de bola no meio-campo, seguida de um lançamento preciso de Baralhas para o lado direito, culminou em um golaço de Erick, em uma jogada individual de grande brilho.

Contudo, o lado esquerdo da marcação do Vitória , que até então parecia dar conta do recado, permitiu uma infiltração na grande área. O lance resultou em um pênalti cometido por Baralhas sobre Sosa, convertido por Piquerez, reduzindo a vantagem rubro-negra.

Imediatamente após o gol sofrido, Fábio Carille promoveu a entrada do estreante volante Rúben Ismael no lugar de Ronald , visando fechar o meio-campo. Adicionalmente, substituiu os atacantes Erick e Kayzer por Fabri e Renzo López, respectivamente.

A Estratégia de Recuo: Uma Aposta de Alto Risco

O treinador não hesitou em reforçar ainda mais a defesa, colocando o zagueiro Edu no lugar do atacante Osvaldo , aos 34 minutos. Com três zagueiros e três volantes em campo, o Vitória demonstrou sinais de cansaço físico, recuou excessivamente e passou a buscar bolas longas para "casquinhas" de cabeça de Renzo e arrancadas de Fabri.

Os jogadores em campo na fase defensiva final incluíam:

No entanto, essa estratégia defensiva desmoronou devido a uma execução falha. O Rubro-Negro sofreu o gol de empate em uma jogada de bola aérea na qual os volantes não realizaram a marcação adequada, enquanto a linha defensiva se encontrava em equilíbrio numérico contra os atacantes adversários.

Para agravar a situação, no momento do cabeceio de Flaco López, Zé Marcos se posicionou entre dois jogadores palmeirenses, enquanto Edu e Lucas Halter marcavam apenas um atacante, e o meio-campo parecia "contemplar" o desenrolar da jogada, sem a devida intervenção.

A Repetição de um Padrão Preocupante e os Desafios Futuros

É imperativo reconhecer que o Vitória enfrentou um dos melhores elencos do país, embora o Palmeiras tenha iniciado a partida com reservas e só tenha inserido seus titulares no segundo tempo. Contudo, a repetição do padrão de sofrer gols nos minutos finais, após construir uma vantagem tão significativa, exige correção imediata. Esse é um ponto crucial para que o clube realize um segundo turno do Campeonato Brasileiro com maior segurança e consistência.

A despedida do primeiro turno do Campeonato Brasileiro ocorrerá em um desafiador confronto contra o São Paulo, no próximo sábado, no Morumbi, às 18h30 (horário de Brasília), pela 19ª rodada.